Com um mercado mais competitivo, fintech compartilha insights e estratégias para 2025
Nos últimos anos, o mercado de financiamento solar tem desempenhado um papel fundamental na expansão da energia fotovoltaica no Brasil. Em 2024, essa modalidade de crédito registrou um crescimento expressivo, impulsionado por um amadurecimento das financeiras e por processos mais eficientes.
No entanto, desafios como a manutenção de uma carteira de crédito saudável e a mitigação de fraudes exigiram investimentos estratégicos e o desenvolvimento de novos mecanismos de avaliação de risco.
A Sol Agora, uma das principais fintechs do setor, tem se destacado ao oferecer soluções inovadoras para integradores e distribuidores. Com um modelo de crédito estruturado para o mercado de energia solar, a empresa ampliou sua base de integradores e fortaleceu sua plataforma digital, além de investir em novas estratégias para otimizar o atendimento e a experiência dos clientes.
Agora, com a perspectiva de um cenário macroeconômico desafiador para 2025, a companhia se prepara para expandir suas operações e lançar novos produtos voltados para capital de giro e financiamento de usinas.
Para entender melhor as tendências do setor, os desafios enfrentados e as estratégias da Sol Agora para este ano, conversamos com Ayres Silva, diretor Comercial e de Operações da fintech.
Na entrevista, ele compartilha um balanço do último ano, explica como a empresa tem se diferenciado no mercado e detalha as expectativas para o financiamento solar nos próximos meses.
Como você avalia o desempenho do mercado de financiamento solar em 2024? Quais foram os principais desafios enfrentados pelo setor?
O ano de 2024 foi extremamente positivo para o mercado de financiamento solar, marcado pelo amadurecimento de diversas financeiras em termos de crédito e processos. Só na Sol Agora, registramos mais de R$15 bilhões em simulações ao longo do ano – um crescimento de mais de 75% em relação a 2023. Esse avanço reforça a importância do financiamento na aquisição de equipamentos fotovoltaicos e o fortalecimento do setor.
No mercado de crédito, o grande desafio é manter uma carteira saudável, garantindo uma operação financeira com um nível de aprovação atraente para nossos parceiros.
Na Sol Agora, nascemos focados no segmento solar, e todas as nossas análises e processos são direcionados para esse mercado. Isso nos permite manter uma carteira altamente saudável e, como consequência, oferecer uma das melhores taxas de juros do setor.
Infelizmente, as fraudes ainda são um desafio no setor fotovoltaico. Por isso, no último ano, investimos fortemente em ferramentas e processos para reduzir os riscos e proteger nossos parceiros.
Como a Sol Agora conseguiu se posicionar no segmento no ano passado?
A Sol Agora sempre se posicionou como uma fintech, focada no financiamento do segmento de energia limpa, não apenas o solar. Fazemos parte de um ecossistema maior, a Descarbonize Soluções, que atende o mercado solar de ponta a ponta.
Nossa estrutura inclui a Aldo Solar – importadora e distribuidora de equipamentos fotovoltaicos; a Sol Agora – especialista em financiamento solar; e a LADO – responsável pela assistência técnica e suporte ao acionamento da garantia dos equipamentos.
Continuamos investindo em nossa plataforma, tornando-a cada vez mais intuitiva e gerando excelentes resultados: hoje, contamos com mais de 14 mil integradores cadastrados.
Além disso, seguimos fortalecendo os financiamentos para geradores de baixa potência, ou seja, projetos pequenos, ampliando o acesso à energia solar.
Também investimos fortemente no atendimento aos integradores, criando uma área exclusiva para apoiar aqueles que mais transacionam conosco e lançamos o NPS (Net Promoter Score), focado em aprimorar ainda mais a experiência de nossos clientes.
Outro marco importante foi o lançamento do Mob App para o cliente final, reforçando nosso compromisso com o foco no cliente, a otimização de custos e o aumento do cross sell de produtos.
Quais são as principais expectativas para o mercado de financiamento solar em 2025?
O cenário atual de alta na taxa básica de juros impacta o custo do financiamento, tornando-o mais caro. No entanto, esse fator pode ser superado pelos integradores, pois o grande diferencial na venda do financiamento deve ser no valor da parcela, que, na maioria dos casos, é menor do que a conta de energia do cliente.
Dessa forma, o foco deve ser demonstrar a economia imediata e os benefícios de longo prazo, tornando a decisão de investir em energia solar ainda mais vantajosa.
Com o avanço da energia solar em diversas regiões do país, a Sol Agora planeja expandir seus serviços ou oferecer novos produtos em 2025?
Desde o início da Sol Agora, traçamos um plano estratégico de cinco anos com alavancas bem definidas. Uma delas é aproveitar melhor nossa base de clientes, oferecendo novos serviços, seguros e até mesmo oportunidades de up-sell.
Atualmente, a Sol Agora conta com um sistema de monitoramento integrado ao inversor do cliente, trazendo mais vantagens e proporcionando mais segurança para os integradores parceiros e consumidores finais.
Nosso objetivo é evoluir ainda mais essa tecnologia, permitindo que o integrador seja notificado automaticamente caso a usina apresente alguma irregularidade.
Além disso, buscamos centralizar todos esses serviços no Mob App, lançado no último ano, e que seguirá recebendo investimentos para aprimoramento, incluindo a integração com o sistema de monitoramento.
Outro pilar do nosso planejamento é a ampliação do portfólio, com novas linhas de financiamento para usinas, capital de giro para integradores, entre outros.
O que diferencia a Sol Agora de outras empresas do mercado, especialmente em relação às condições de financiamento para integradores?
O grande diferencial da Sol Agora está em nossas pessoas e no nosso modo de pensar. Construímos a empresa do zero, sem vícios ou limitações do mercado, e com uma equipe recém-chegada no setor solar. Isso nos permitiu questionar práticas já condicionais, aprender com os erros dos concorrentes e fortalecer o que realmente funciona.
Durante o desenvolvimento de nossa plataforma, buscamos ouvir e entender as necessidades dos integradores, criando uma solução que facilita suas operações e impulsiona seus negócios. Nosso sistema foi literalmente construído “por eles” e “para eles”, com um foco claro na usabilidade e na experiência do parceiro.
Além de oferecer uma plataforma intuitiva e eficiente, desde o início estabelecemos um pilar fundamental: a avaliação dos integradores e distribuidores. No caso dos distribuidores, a Sol Agora trabalha exclusivamente com aqueles que oferecem os melhores equipamentos do mercado solar, garantindo qualidade e segurança para nossos parceiros e seus clientes.
Com o aumento da demanda por projetos residenciais e comerciais, como a Sol Agora está ajudando os integradores a atenderem a esses segmentos de maneira mais eficiente?
Em 2024, focamos no mercado residencial, entendendo suas particularidades e ajustando nossa política de crédito. Esse aprimoramento nos permitiu alcançar um alto índice de aprovação, consolidando a Sol Agora como a principal plataforma de financiamento para muitos integradores.
Para 2025, nosso objetivo é expandir as políticas de crédito para pessoa jurídica – ampliando nossa carteira de clientes comerciais e rurais e fortalecendo ainda mais nossa presença no mercado.
Você acredita que o mercado de financiamento solar terá um papel fundamental na ampliação do acesso à energia solar em 2025? Quais fatores podem facilitar ou dificultar?
Sim, acredito que o financiamento será a principal ferramenta para o aumento das vendas neste ano. Os investimentos dos bancos nesse segmento, com previsões de financiamento cada vez mais alinhadas às necessidades do setor, devem continuar acelerando o crescimento do crédito.
Além disso, o próprio amadurecimento do mercado deve contribuir para a melhoria do crédito. Para os bancos, um dos principais desafios é o risco de financiar equipamentos de distribuidores ou integradores com situação financeira instável, já que isso pode comprometer a entrega e a instalação dos sistemas.
Outro ponto de atenção é na qualidade dos equipamentos e na eficiência da geração de energia. No entanto, vejo que o Inmetro já está atuando nesse sentido, e acredito que teremos mais regulamentação e fiscalização, o que será extremamente positivo a longo prazo.
Por fim, é essencial compensar os ajustes na taxa básica de juros, que impactam diretamente as taxas oferecidas ao consumidor final. Diante disso, uma abordagem comercial precisa ser estratégica, focando na apresentação das parcelas fixas e previsíveis para o cliente, sempre com transparência e clareza.